RETALHOS DE CINEMA
Apenas um pequeno registro da vontade de deixar registrado (redundância proposital), nada que venha a deixar de ser saudades, nada que faça voltar, apenas curiosidade, vontade de falar, mostrar, registrar, e quem sabe em tempos de internet deixar eternizado o que o tempo deixou em seu histórico legado. Há sim ainda uma grande parte material registrada, guardada no ceio familiar, acredito que até pedaços de películas filmadas, mas já estragadas pela má conservação, algo que ficou no passado, lembrado apenas na memória e no coração.
por Cláudio El-Jabel
Tempo difícil aquele, onde tudo era Hollywood,
O Glamour só vinha de lá,
Mas houve homens de verdade que aqui em terras brasilis optaram em plantar,
Um deles quem diria ser alguém tão familiar,
Papai não teve sonhos ele apenas os vivenciou,
Passando de companhia em companhia,
Até que um determinado dia se esquivou,
O cinema para ele era como uma diversão,
Não dava para ganhar dinheiro era jovem,
Mas roteirizou vários deles alguns ainda no tempo do cinema mudo,
Outros mais avançadinhos davam vazão as coisas do Brasil,
Mas em um tempo onde o partido comunista era algo marginal,
O perigo sempre espreitou sua vida,
Caçado como um animal por um idiota general,
O que ele apenas fazia, eram escritas,
Escrevia tão bem que seus discursos convenciam,
Na voz de JK com falas dirigidas ao povo, quem diriam,
Amigos de copo ou mesmo de boemias,
Nomes famosos por ele passaram,
Mas o dele não ficou marcado,
Marcou apenas a lembrança de alguns,
Que após afastar-se da vida artística o procuravam,
Auto ditada em um tempo de doutores,
Lia e escrevia em francês, latim, inglês e espanhol,
Entendia de medicina sem usar jaleco branco,
Era também chamado de doutor pelos que dele dependiam da ajuda,
Praticava a psicologia com a eficiência da cura,
O tempo não deixou nem que seus recortes permanecessem,
Poucos papeis fotos e roteiros,
Alguns dando mostra de sua passagem,
Os filmes perdidos para sempre e por inteiro,
Empobrecendo o Brasil já sem história,
E muito menos guardar seus desbravadores em memória.
(Em homenagem a meu Pai, Arlípio Duarte Rezende, Diretor, Produtor e Ator pioneiro no Cinema Nacional).
Sacra Filmes, Cinédia, Estrela Filmes, UPC Filmes, CIBRA (Publicidades Cinematográficas Brasileiras), Zaniratti Filmes, Mônaco Filmes Ltda e etc…, Vera Cruz (bem lembrado pela amiga Valéria).
Leio sempre os créditos nos finais dos filmes, é uma mania. Fico pensando o que faz, por exemplo, um “assistente de luz direcional”, como é, pra que time torce, o que compra no super. Depois esqueço seus nomes e deixo que sigam. Imaginei seu pai olhando os filmes que fez, sala repleta do amor que fez por merecer. Não deixe que ele não saiba disso, esteja onde estiver.
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É amigo, são lembranças e recordações que vamos colando ao álbum da vida. Nessa minha fase acredito que comecei a unir em meu álbum tudo o que de fato me deu alegrias, experiencia, amor e o que sou. Obrigado pelas palavras!:-)
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Aplausos eternos ao seu Pai!
Vi quando criança, gravações de filmes. Não lembro agora se da Vera Cruz… aos meus olhos da época tudo era pura magia. Mas também tinha a torcida interna para que a cena saísse a gosto do Diretor. Até porque um que de alívio e alegria se estampava nos rostos de todos… Dai imagino um pouco do que seu pai vivenciou 🙂
Bom demais por estar compartilhando parte da História do Cinema! Mais até por ter sido especial para ti! Agora, veja se como enviar para o Arquivo Nacional esse patrimônio que tens em mãos, ou a algum órgão ligado a Memória do Cinema Nacional Ou até a algum Leilão que fará chegar a algum acervo de um colecionador…. :).
Bravo!
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Lembraste bem a Vera Cruz por qual também sei que ele passou, pois foi nela que conheceu ou empregou o então iniciante ator Hugo Carvana. Lembro de uma lida rápida em seus papeis onde ele fazia o papel do padre e Hugo Carvana do noivo 🙂 , Estamos tentando separar o que não foi perdido pois somente agora foi descoberto o “esconderijo” no porão de uma casa de sítio junto a cortadores manuais de grama, moedas comemorativas de Luis Carlos Prestes, enfim, uma malha fina e trabalhosa. Obrigado Valéria pelo comentário e pela dica, vamos ver o que conseguimos resgatar. Abraços! 🙂
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Que lindo de viver! O fantástico mundo do cinema. Obrigada por compartilhar e deixar aqui eternizado, essas lindas recordações, escritas com tamanha ternura.
Aplausos, senhoras e senhores!
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Obrigado Fabi! É que aos poucos vamos tomando coragem e deixando as marcas das pegadas que nos ajudou a caminhar.
Abraços 😀
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Adorei ler a história de seu pai. Muito importante isso de compartilhar. Pessoas como ele e como você, nos ajudam a ampliar nossos horizontes, mesmo em um país que se arrasta, que aos poucos perde a identidade. A determinação de pessoas como seu pai com certeza fez diferença e colaborou com o desenvolvimento de muitos de sua época. Gosto de assistir a filmes antigos. Alguém pode até discordar, mas, pra mim, o cinema brasileiro atual não tem a mesma qualidade e nem os cineastas talento, a se comparar com os filmes produzidos antes de 80 aqui. Era uma coisa natural ou não comercial, não contaminado. Não sei dizer bem, mas, é como se fosse uma promessa, como se houvesse uma perspectiva de que nosso cinema viraria algo – que infelizmente, ainda não virou.
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Pois e penso assim também. Obrigado por comentar e bom saber que existem muitas pessoas como você e eu que também percebem isso. 🙂
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