SOU FILHO DE PEMBA
por Cláudio El-Jabel
Sou filho de Pemba, sou guerreiro sem armas,
Nasci em berço tropeiro aos pés de Ògún,
Não sou diferente de todos e sim descendente valente,
Que abre a boca e reclama aos que se dizem saber,
Dando a prova amarga do que ignoram ou se furtam em não ver,
Não declaro descendência, muito menos títulos gosto de expor,
Mas sou macumbeiro da vida de casas antigas onde fui e ainda vou,
Casa Branca, Ceja Hunde, Tumba Jussara, Opô Afonjá, Gantois,
Se procurares com lente verás os meus pés marcados por lá,
O que trago, vem de berço, vem de lida, vem de tempos,
Não que vire a cara a livros, mas estes se vão com os ventos,
Sou pensador e caminhante, sou doutor e ignorante,
Caminho por trilhas longínquas, sem montaria ou bagagem,
Colho as sementes da vida, as que brotam em árvores sagradas,
Não me perturbo com teimosias ou descrenças no verbo,
Pois entendo a magia, sua essência sutil,
E a mistura que serve para não ter a mente tão vil,
Lembrando do tempo inicial, onde a pergunta enrolava,
Acabei por aprender da forma mais bela,
Aprender com a vida nas palavras sinceras,
Em lembranças sadias renomeio aos que ajudaram,
A fazer-me crescer e aprender da forma mais correta possível,
Ensinar a quem crer e calar-me ao incrível.